28 de Fevereiro


Diário de Bordo, 28 de Fevereiro de 2008 - ouvindo nada


1:19 da noite no meu lindo quarto aqui em São Leopoldo. Cidade lembrada por seus peixes mortos e por sua violência. Minhas aulas já começaram e eu me pergunto agora? O QUE FAÇO UMA SEXTA FEIRA A NOITE: Eu com os olhos pequenos de sono, com o corpo acabado (depende, minha pele continua boa, tirando o vale marine que eu tenho na testa), acabando de voltar da festa do Vargas?? Bom, vamos por partes. Cheguei em casa a meia noite e sentei no meu belo sofazinho preto de couro. Liguei a TV, a casa toda dormindo. O que a Luana olhou? Bom, estava passando o final de CSI, o final de Resident Evil 1 e o pânico na TV, mais respectivamente, na festa gay. Eu olhei Revident Evil, apesar de já ter visto. Depois fui olhar CSI mas (shit) já tinha acabado. Enfim, a única coisa a fazer era olhar pânico. E estava eu, a uma e 10 da madruga com meu chá Dokudami (é japonês, ok? = nããããão, xuuuuura = e não repare o nome, eu sei que é bizarro) e olhando pânico. Mas ai foram eles depois no carnaval e ai eu me estressei. E vim pra cá. Me deu uma vontade de falar algumas coisas aqui, já que eu não escrevo desde o dilúvio (será que eu morri nele?).


1: 30: Mudando de assunto completamente: Eu gostei da festa do Vargas, tinham duas garotas que eu não conhecia, mas tuuuudo bem. E eles ficavam falando bastante do Concórdia. A maioria dos meus amigos, do nosso grupinho foi pro Concórdia. Que raiva!


1: 32: Será que o Concórdia é legal?


1: 32: Eu queria sumir um pouco, conhecer gente e lugares novos. Ficar longe daqui por um tempo. Hoje na aula me senti tão cansada. Mas não tinha tantos motivos pra estar cansada. Acho que estou um pouco cansada da monotonia que é a minha vida. Sempre as mesmas coisas, mesmos rostos, mesmas ruas, mesmas casas. Quando estava indo de carro pro primeiro dia de aula eu via as mesmas casas e ruas que eu via ano passado. Me deu uma saudade e também uma vontade de sair dali e fazer um outro caminho. As férias passaram extremamente rápido. Talvez tenha sido as férias mais curtas que eu já tive. Ok, o tempo é relativo. Todas as férias tem um mesmo período. Mas eu sinto mesmo que eu fiquei uma semana fora e pronto. São as mesmas aulas, com gente e professores novos, confesso. Mas a mesma escola, mesmos rostos conhecidos, mesmos professores nas escadas, mesmo lugar e pessoas do recreios. E o mais importante: mesma rotina. Eu sinto toda essa mesmice terrivelmente cansativa. E o pior é que esse ano eu não vou poder fazer Cine. Era o único dia da semana em que eu me sentia mais livre e diferente. Saia do normal que era a minha vida e ia pra um lugar novo, em que o que eu aprendia eu gostava, me empolgava, discutia, vivia aquilo com tanta intensidade. Era um assunto que mexia comigo. Tudo coisas que eu me interessava e gostava de aprender. E agora tudo isso vai acabar. Eu não estou dizendo que não quero ver meus pais, amigos e escola. Mas querer mudar, entende? Não que o que eu tenho seja ruim. Mas é sempre... igual. O que eu tenho e mais nada. Sei lá. Bom, são 20 pras duas da madrugada, acho que estou filosofando o bastante. E acho que consegui desabafar. Talvez. Eu preciso viajar, tirar férias de verdade. Não ficar presa em Tramandaí com meus fofos avós, meu vizinho legal professor de filosofia que usa pijama pra visitar os outros e minha família. É só isso? Eu quero férias de verdade. Férias pra mim é sair para um lugar nunca visto, com pessoas nunca vistas. Com uma vida nunca vivida. É isso que eu quero. Mas aqui em casa a situação é de dar dó. Meu pai desempregado desde setembro. Minha mãe com o salário reduzido quase a metade. Daqui um pouco eu vou parar embaixo da ponte. Ou viver na rocinha, como dizia a Gabriela Mahle.


1: 44: Agora me despeço meio triste da minha vida e por minha ingratidão por pelo menos ainda ter um computador para escrever minhas agonias. Se meu pai le-se isso viria novamente com a teoria de que eu estudando em colégio de rico, me sinto melhor do que os outros. Isso é por que ele deve estar com ciúme de mim, que ele rodou três vezes e ainda por cima em escolas publicas. Tá, eu acho que a falta de emprego e ser o homem da casa e não fazer nada pra botar comida na mesa esteja alterando o cérebro dele.


1: 47: Eu realmente preciso dormir, antes que meus olhos se fechem completamente e eu durma com o computador ligado, numa posição bizarra encima da mesa. Tchau.

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